A dieta: capítulo 3
A coisa mais difícil não é a dieta restrita, as privações das minhas iguarias... a parte mais difícil é ter de tomar o raio das vitaminas com sabor a laranja podre logo pela manhã em jejum. Blhéc!!!!
Difícil é também a questão da falta de imaginação ou vontade de cozinhar. Felizmente o homem da casa vai tratando das suas próprias refeições, com a minha ajuda, claro, mas liberta-me da tristeza de cozinhar e não poder comer.
Com esta dieta restrita, esta semana mal cozinho. Da alface ao pepino, a criatividade limita-se ao peixe/carne/ovos/enlatados que me é permitido comer.
Claro que a vantagem é preparar a minha refeição em 5 minutos. E hoje, quando vim almoçar a casa preparei na hora o almoço e soube-me bem.
Almoço: pepino às rodelas temperado com sal, vinagre de maçã e azeite; omelete feita com uma gema e quatro claras. Ficou bem fofa e soube-me muito bem. Complementei o almoço com umas tirinhas de peito de peru fumado.
Jantar: alface verde (com o tempero do costume) e uma lata de atum ao natural (atum que já uso há bastante tempo).
Não sinto fome. O meu corpo não emite sonoros roncos de quem está esfomeada. Mas sinto uma certa luta, como se fosse uma ressaca, contra a vontade de comer mais. Não se nota tanto nas refeições principais, uma vez que já há algum tempo tenho vindo a diminuir o consumo de arroz, massas ou batata preferindo os vegetais e as saladas. Noto, sim, nas pequenas refeições. Ao pequeno-almoço aquela fatia de pão com fiambre de frango sabe-me a pouco, dá vontade de devorar mais umas quantas fatias com manteiga ou queijo fresco. Os lanches idem. É aqui que entra a gelatina SOS... para me saciar a vontade de comer mais.
Isto faz-me perceber que realmente comemos mais do que verdadeiramente precisamos. Se o corpo fica saciado e devidamente alimentado com uma fatia de pão, para que comemos três ou quatro?
Sinto falta da fruta. É o hábito. Como muita fruta ao longo do dia... principalmente nestes dias quente. Uma vez mais recorro à gelatina para me "esquecer" da fruta. E o leite salva-me aquela vontade de comer à noite, pouco antes de deitar.
Sem dúvida que está a ser uma reeducação alimentar, nem tanto do corpo, mas da minha mente. Perceber que afinal não preciso devorar meio pacote de tostas nem de comer bolachas ou chocolates pouco antes de me deitar. Verdade que isto já não acontece há algum tempo, daí o estranhar continuar a aumentar de peso.
A demanda continua. Eu sei que esta cozinha agora anda amorfa e chata, mas é a minha cozinha/alimentação actual. Que sirva de testemunho na primeira pessoa de uma fase de reeducação alimentar, de perceber como funciona o meu/nosso corpo e aprender a comer dentro das suas verdadeiras necessidades.
Ainda que esta primeira semana seja a de maiores privações para uma desintoxicação do corpo, ainda que faltem 5 dias para a próxima consulta e o início da segunda fase, a verdade é que já me sinto menos inchada. Não sei se isso se traduz no peso ou no perímetro corporal, mas sem dúvida que se traduz numa sensação de maior leveza, sem aquela sensação de inchaço incómoda que vinha a sentir.